Miséria

Miséria

Cabeça branca pele queimada, pela ação do tempo.

Corpo cansado dominado pela idade, passo incerto.

Sua visão comprometida, necessitando usar óculos.

Uma bengala, onde apóia seu corpo, enfraquecido.

Barba por fazer, maltrapilho, mendigando pela rua.

Sem moradia, somente a calçada, ele tem por leito.

Nas frias noites, como coberta, ele tem quase nada.

Junta migalhas, come o que sobra na mesa do rico.

Como amigo tem um cachorro tão velho como ele.

Com quem, divide o pouco que têm, a sua miséria.

A miséria que sociedade finge que não esta vendo.

Do seu leito, ele espreita a lua e sorri com tristeza.

Por nada ter alem de noites frias e dias de miséria.

Nas suas tristes manhãs o sol e a sua única alegria.

Volnei Rijo Braga

Pelotas: 21/11/2015