Sonetto ("Primaveras de Amor o Ocaso esconde")
Primaveras de Amor o Ocaso esconde,
E a luz que não se vê, silente, espera,
Humilde, a luz maior, ridente esfera,
Ousada na ambição, inerme a fronde.
Murmura a cerração: "Terrenos, ponde
Em tudo o vosso olhar: o Impuro impera!
Rei sou, e o extremo Nada - cruenta fera -
Ostenta o Baluarte!" E o Sol responde:
"Majestade tu és, porém não tardo:
Ao quanto é morto inspiro unção garrida;
Desespero não queima o Lume em que ardo;
Oh, desperai-vos vós, Enegrecida
Lousa Celeste!" E o Príncipe galhardo,
Latente embora, o Espaço ornou de Vida.
Pe. Homero Madoll
Pároco da Igreja de Nª Sra. do Desassossego