Soldados, marinheiros lusitanos
De álcool e de ódio embriagados
Derrubam portão de ferro, insanos,
E, vêem-se noutro portão enclausurados:
 
É o acesso interno do templo baiano
Onde freiras e o Sacrário postados
Vivem o Cristo no cotidiano
Dos dias humanos atormentados.
 
A Madre, brada: “Para trás, bandidos.
A Casa de Deus, ao menos, respeitai.
Aqui jamais entrareis, recuai”.
 
À baioneta, o corpo santo cai...
Fogem as freiras com gestos sofridos
Da fúria dos soldados entretidos[1].
 
[1]Com o ato heroico da Madre, as freiras do Convento da Lapa ganham tempo e conseguem fugir da fúria dos soldados: suas vidas, portanto, foram salvas enquanto os soldados à golpes de baioneta assassinavam a Madre Joana Angélica de Jesus.


(Publicado no livro "CORPOS MARCADOS", editora Scortecci, 2017, p.  47, autoria de Carlos Fernandes).
 
 
Carlos Fernandes
Enviado por Carlos Fernandes em 20/12/2015
Reeditado em 16/02/2017
Código do texto: T5485969
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