Os braços

Rude este corpo, que entre os vis espinhos

caminhou, antevendo a atroz desgraça

desabrochando-se, alta, em sua graça,

fazendo reviver entes daninhos.

Sob o amargo pesar dos que sozinhos

vagueiam, sob o horror do sol que passa

marcando os dias, onde alguma traça

há de muito comer, qual no alvo linho,

todos os sonhos, vidas e esperança;

há também de comer os corpos vivos,

que hão de tornar-se escuros, vis e lassos.

Mas nesta dura pena há uma ilha mansa

onde o meu ser repousa dos castigos

quando se aninha no imo dos teus braços.

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 04/01/2016
Reeditado em 05/01/2016
Código do texto: T5499962
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