A doce lacuna da pena

Quem os vastos desertos erra inteiros

com um largo sorriso pelos dentes,

sabe que não existem solos quentes

e imunes ao andar de um pioneiro.

A grama verdejante ao pé do outeiro,

que reconforta as carnes decadentes,

não se vê nestas áreas indolentes

que emudecem o canto alvissareiro.

A poeira que se ergue em colunatas

lentamente desfaz as grandes dunas,

e, aérea, voeja pelas densas matas

do oásis que se esconde em meio à areia

— um antro de prazer, doce lacuna

da pena, esta que o corpo tanto anseia...

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 21/01/2016
Reeditado em 21/01/2016
Código do texto: T5518387
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