TEMPO DE SORTILÉGIO * O sonho impossível

Havia nele um sonho por nascer.

Um sonho que sofria e lhe doía.

Um rasto só de estrelas a correr

que cada amanhecer lhe desfazia.

Só quando as noites eram de luar

ou quando as nuvens todo o céu cobriam

o sonho consentia se ausentar.

E nele astros e céu também dormiam.

Ausente o sonho, o sono lhe tardava.

Da sua insónia a dúvida suspensa.

Ah, que obsessivo sonho o assaltava?

Naquela derradeira noite, o frio

doía-lhe na alma, frio intenso!,

e adormeceu nos braços do vazio.

José-Augusto de Carvalho

Alentejo, 11 de Janeiro de 2016.

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 26/02/2016
Reeditado em 03/08/2018
Código do texto: T5556040
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