NAS ÁGUAS DO NOSSO ODIANA * A borboleta morta

O teu sorriso vem e minh’alma remoça.

Ai que outra primavera eu quero e em mim invento!

A tua boca vem e a minha boca adoça…

e eu quero a vida inteira só neste momento.

Quando te fores, vai, mas leva-me contigo

ou deixa-me morrer sem mágoa nem auxílio…

Que seja a tua boca o meu letal castigo,

nunca a saudade dela o fel do meu exílio.

Que a tua boca seja o meu último instante,

a última canção que escreva e que te cante

e o som da minha voz se evole no infinito

Depois, ora depois, talvez algum poeta,

encontre numa flor a sedução inquieta

da borboleta morta aos pés de mais um mito.

José-Augusto de Carvalho

Alentejo, 14 de Janeiro de 2016

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 26/02/2016
Reeditado em 03/08/2018
Código do texto: T5556244
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