Quando anoitece

Abandono o riso quando anoitece

adormece-me o corpo em letargia

Embargada, a voz, sem força emudece

Visto a mortalha da madrugada fria

Arrefecida já não sinto nada

Anseio partir em transes jocundos

Do purgatório sagrado de Dante

Dos calabouços e poços mais fundos

Qual o piano de Chopin nocturno

Qual o lenço da dor encharcado

Bebo a doçura da angustia de tudo

No crânio de Byron as flores do Lácio

Escorro em soneto shakespeareano

Gozando da vida o veneno grácil

AlineCs