O Médium

Tenho ouvido umas vozes de veludo,

Entre assopros e assombros ao luar.

A durar alguns textos e a vagar,

Pelas linhas tão tortas de meu tudo.

Não domino o que escrevo no começo,

Nem termino o que não leio ao acaso.

Pois quem fala por mim por este prazo,

Não sou eu, mas fúria deste avesso.

Busco a forma que vaga e não tem rumo,

Que se volta em papel por entre versos,

Pois escrevo o poema em seu inverso

E no encanto voraz de um só resumo.

Eu recebo as palavras e as condeno

A morrerem poemas neste aceno.