O Lenço

No papel vejo a face a poesia,

A verter suas letras sem cessar.

Fere a pena em tintura ou similar

O que existe na essência já tão fria.

Vê-se o olhar desta folha umedecido,

E a fraqueza estampada pelas linhas.

Mas quem é, nesta história de cozinha

O ser triste, se folha ou verso tido?

E o papel é o espelho do poeta,

Quem mais chora em seu canto passageiro,

E não canta somente o seu terreiro,

Mas também outra letra que o afeta.

Vai conter tantas letras misturadas

Refazendo entre sonho as madrugadas.