Travessão

Certas vezes eu sei que não mais voltas.

Então sinto o vazio que há no ponto,

Qual parágrafo novo em que eu afronto

As amarras que partem sem escoltas.

Mas há casos que eu não sei quando venta,

Quando chove ou se o frio é a tristeza.

Pois se vais, levas junto a fortaleza,

Se não voltas, a estrofe se arrebenta.

E o poema quebrado vaga ao léu,

E se arrasta em destino mal traçado,

Feito e linha mais torta do passado,

Que separa a palavra do seu véu.

Sinto frio e estremeço em desatino,

Porque vais, só, seguir o teu destino.