AMOR DE GATO
Esfrega-se em meus pés e nas pernas se entrança,
Corre pro meu reduto e na cama se deita...
Declarando (em miados) a paixão perfeita,
Cercada pelos seus encantos de criança...
Mais eis que de repente me morde e me azunha,
Sem nada eu lhe fazer, sem nada lhe falar...
E espalha a sua ira e sai louco a miar
Sem motivo aparente e sem razão nenhuma...
E eu saio à tua caça, sou um gato safado
Que morde a tua nuca em cima do telhado
E afoga as suas mágoas dentro do teu cio...
Depois volto pra casa e te abandono lá,
Entro bem caladinho e deito no sofá...
Sentindo-me tristonho, carente e vazio.
(Nizardo Wanderley)
Poesia registrada.
Xerinho.