Lúgubres olhos, plácidos na dor

Lúgubres olhos, plácidos na dor,

quem por bem pressupor conseguiria

que todo esse penar, essa agonia

nem sempre os aviltaram com vigor.

Após todo o frescor da fantasia,

que dissipou-se junto ao doce olor,

restou-lhes as tormentas e o negror

a esconder o luzir do azul do dia.

Tão alegres aqueles tempos idos

que antes raiavam claros, destemidos...

Têm hoje a abjeção de um maltrapilho!

Olhos opacos, negros, tão desertos!

Neste severo olhar, muito de perto

vê-se que a esp'rança é um tímido e ermo brilho.

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 03/04/2016
Código do texto: T5594100
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