Jardins do espírito

Botões de flor, potências de alva graça!,

sob a chuva que escorre em meio aos ramos,

e onde efusivos, ávidos, cantamos,

abrem-se em vida, mesmo esta ainda baça.

Seguida a chuva, nada mais disfarça

o belo que perfuma. Agora andamos

todos vivos e, juntos, nós sonhamos

co'a brisa que dos céus leva a fumaça.

Nesses jardins do espírito, ermo escombro,

nascem flores de riso, gosto, assombro...

Chove e os botões afloram na alma tesa.

A água igualmente cai nas várias flores;

porém n'alguns a sorte avulta as dores,

e só rega a água a flor da vil tristeza!...

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 13/04/2016
Código do texto: T5604415
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