Humano

(F. M. B)

Abre sem dó, querida, este meu peito:

É tua esta matéria que ali pulsa.

Toma nas mãos esta carcaça avulsa

E faz-me, enfim, um coração direito.

Sou teu e sigo este caminho estreito

Que a névoa encobre rumo à dor convulsa

E a vida em fardo a todos nós expulsa

Como a quem livra-se de algum defeito.

Conheço, pois, o andar deste cortejo,

Deste balé de abutres que vigia

Nosso destino trágico em festejo

Mas toda a lógica e tudo que eu sabia

Desfaz-se ao ver-te e como num lampejo

Eu sinto a noite transformar-se em dia.

Henrique de Castro Silva Junior
Enviado por Henrique de Castro Silva Junior em 12/07/2007
Código do texto: T561466
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