AMADA

Eu quero o que tu queres, amo o que tu amas,

Detesto o que te aflige e odeio a quem te odeia,

vou feio um cão carente, quando tu me chamas

E me alimento das sobras da tua ceia...

Vivendo por viver, já que nem vivo como

Eu gostaria de viver, ao lado teu...

Perdido, eu prendo tudo que foi teu e meu

E às vezes, de mim mesmo, o teu retrato eu tomo.

E choro e xingo e falo coisas que nem devo,

Levando-te no meu peito em auto-relevo

E sempre procurando dar o que tu queres...

Cercado de manias, vícios e neuroses

Eu ouço a tua fala entre milhões de vozes

E vejo a tua imagem dentre mil mulheres.

(Nizardo Wanderley)

Poesia registrada.

Xerinho.