Soneto Glacial
Ardia em meu peito o amor,
Na intensidade da explosão atômica;
Na doçura com que o colibri beija a flor...
No furor da alma indômita.
E porque ardia, dei-me de coração,
Entre o bailado da lascívia
E a loucura da paixão...
Qual ao alçapão, se dá a cotovia.
Entretanto, calei em mim tal ardor...
Eu que no amor me fiz de mar,
Emudeci, parei de amar e de sorrir...
Vagas de ciúmes me fizeram calar,
Tornar-me glacial... Preferi.
Sequei, qual seca o botão da flor.
Antonio Rey