Eu(s)

Oh, vós... insidiosa criatura...

Que emerge dos abismos de minh'alma.

Que traz a ira, onde habitava a calma.

Não sendo eu, faz de mim caricatura!

Que maneja meus lábios, qual adagas.

Degolando o que humano me restasse.

Pária de mim! Do Egito, as sete pragas!

Colchão de ódios, em que me aconchegasse.

Que faço ante tão desprezível sanha?

Que faz do dia a dia, vil façanha!

Que faço pra por fim a tal martírio?

Ante o espelho, te encaro em destemor.

Firmo olhares... inútil desafio!

Como enganam as questões de ódio e amor!

Fonseca da Rocha
Enviado por Fonseca da Rocha em 04/06/2016
Reeditado em 28/04/2018
Código do texto: T5657300
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