A infância perene

Calvários foram muitos, bem me lembro,

e os ombros já não doem pela cruz;

larguei-a quando enfim cheguei à Luz —

a luz que sou e a Luz da qual sou membro.

Malgrado os verdes prados, os desertos

andei, à revelia das correntes

e ardis. Talvez buscasse a morte. Sentes

tu o peso que declina homens libertos?

Vulgar tornou-se o corpo, e as mãos avaras;

mas não via na carne a confiança

que em teus olhos fulgia — vastas searas.

Santíssima, a alma sinto que ora amansa.

Que em teu colo materno tu me amparas,

e, eterno, então renasço outra criança.

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 07/06/2016
Código do texto: T5660471
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