Verso Reverso
O poema não vive ou morre, enfim.
Não é belo e nem feio, apenas é.
Sem escolha, sem sobra, sem maré,
Sem encanto, sem vento e sem marfim.
É igual, sim, àquele que está lendo,
Mesma face de afeto ou de desgosto,
O inverso do seu lado que é oposto,
É tão belo e tão quanto pode, horrendo.
Só desperta os sentidos que se tem,
Sem milagres de dor sentimental,
Ferirá quem maneja o arsenal,
E defende o que é mais simples também.
De quem vive ou quem morre é o seu espelho,
Incolor, nem tão branco e nem vermelho.