Pupilas
A dor que agora sinto é feita verso,
Que dói na inspiração e é feita parto,
Que parte na delonga e deixa farto,
O peito que só bate em tom perverso.
Dói mais que a dor permite assim doer
E deixa surdo o verbo intransigente,
Que só transgride a dor demais latente,
E versa em dor o verbo que é do ser.
Então desfaço as palas do palato,
E planto as minhas letras no vazio.
Pois sei que na poesia deste frio,
É doce a minha estrofe que dilato.
Pois dói no meu silêncio que não passa,
Qual verso bem mais forte atrás da caça.