Mais que perfeito

Escrevo estes meus versos nesta areia

Pedindo ao senhor vento que os apague,

Não deixe uma só letra ou zigue-zague,

Não quero nem lembrar do que baldeia.

Não posso em meu papel chorar receitas,

Ou versos de outro tempo esquecidos.

Pois sou quem não refaz os seus abrigos,

Na chuva das estrofes liqüefeitas.

Houveras outros sonhos de um futuro,

Trancados na aparência do ferreiro.

Quisera o meu poema tão caseiro

Concreto em seu olhar que mais procuro.

Pois verso faz que não lhe tenho ao lado,

Bem mais que este meu sonho já passado.