ROTAÇÃO

Quando a lamparina queima a ultima gota

A luz outrora forte esgota

Deixa o pretume na face de quem vela

Nem o grito agora se escuta

São compridas as horas de cegueira

Dispara no peito o anseio pela brecha

Que no céu se abre miúda uma fresta

Para ser atingido pela claridade certeira

É forte o que amarra a noite sobre os montes

Sobre as casas, árvores e passarinhos

E deixa um gosto de medo entre os dentes

É inexorável a chegada da celeste fogueira

Desatando os nós que à noite nos prende

Deixando a luz perene sobre a treva passageira