O gato tranqüilo.

Ei-lo, quieto, a cismar, como em grave sigilo,

vendo tudo através a cor verde dos olhos,

onça que não cresceu, hoje é um gato tranqüilo.

A sua vida é um "manso lago", sem escolhos...

Não ama a lua, nem telhado a velho estilo.

De uma rica almofada entre os suaves refolhos,

prefere ronronar, em gracioso cochilo,

vendo tudo através a cor verde dos olhos.

Poderia ser mau, fosforescente espanto,

pequenino terror dos pássaros; no entanto,

se fez um professor de silêncio e virtude.

Gato que sonha assim, se algum dia o entenderdes,

vereis quanto é feliz uma alma que se ilude,

e olha a vida através a cor de uns olhos verdes.

Cassiano Ricardo

Arcanjjus Negrus
Enviado por Arcanjjus Negrus em 05/07/2016
Código do texto: T5688654
Classificação de conteúdo: seguro