Garimpeiro

Passei pelos jardins de papelão

Buscando entre os papeis uma só linha,

Que fosse não apenas ladainha,

Mas sim um verso firme em verão.

Voltei de mãos vazias quase em pranto,

Porém revi um verso já esquecido:

Um verso de uma noiva sem marido,

O mundo deste quarto sem seu canto.

E a chuva derradeira qual castigo,

Quebrou os versos fracos que eu não fiz.

E ainda que eu não chore, sou raiz,

Em terra de papel não tenho abrigo.

Jardins de versos soltos, prosa limpa,

Meu eu a jóia rara assim garimpa.