JUNHO, QUEDO
A Zenilda Lua
Este solstício, bem próprio de mim,
Arrasta-me feito às horas do dia;
E, por não expor a minha agonia
Sofro, fingindo estar feliz assim.
Nestas sazões, a reflexão comum
Diz-me que o segredo está na prece;
E, acreditar nisso, mais parece
Não enxergar Deus em lugar algum.
O melhor é continuar resistente,
A esperar que o tempo seja obediente,
Já que a vida (de certo) nos planeja...
A noite, enfim, declina por completo;
Da janela vejo surgir, discreto:
Um novo sol que sobre mim flameja.