Já longe bate as asas destemido

Já longe bate as asas destemido,

presume conhecer toda a artimanha,

voeja rente ao mar e, lesto, apanha

um peixe que lhe salta oferecido.

O entorno ainda é farto e conhecido;

ingênuo, subestima sua façanha.

Abrigos são profusos, não se acanha

e não julga mister ser precavido.

Mas como não previsse a tempestade

e as águas a subirem tão de chofre,

percebe que é impotente à liberdade.

De cima a exaustão rápido medra;

recorda o ninho firme como um cofre,

e o mar sequer lhe dá o favor da pedra...

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 08/08/2016
Reeditado em 24/01/2017
Código do texto: T5722667
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