Por trás da pedra fria

Amor lembra-me toda vez que aqui vier,

quando o teu rosto em pedra fica inerte,

todos os mimos e afagos que fizeste,

os teus abraços e carinhos de mulher.

Agora, porém, todo gesto de carinho,

que te faço, tem amor e não tem custo,

na pedra fria esculpida de teu busto,

distraída entre outras pedras e espinhos.

Meu amor, não te queixe desse gesto,

sei agora, qualquer pedra é tua serva

e não dormes como dormes nesse ninho.

Não estou tão distante nem tão perto

dessa fria, branca e esculpida pedra

que, calada, me deixou sozinho.

José Freire Pontes
Enviado por José Freire Pontes em 19/08/2016
Código do texto: T5733049
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