Corda Bamba

Ao rufar do tambor, a trapezista,

confia no silêncio anunciado;

Claudique o coração ou falhe a vista;

Mais falha o exercício protelado.

As palavras: amor, mulher, conquista,

soam a tempo por dentro adiado;

Matéria mal dada e não revista,

esquecida em cacifo abandonado.

Uma palavra parte e não se entende;

Outra cai ao chão e fica inteira...

Se não tivesse o rigor que se pretende,

muito mais se gostaria da primeira!

Maleabilidade que se aprende:

Sonhar glaciares a vida inteira.

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Mais uma oferta de enorme peso poético

de Fernando Cunha Lima

(médico em Terras de Stª Cruz)

FUNÂMBULO

Como na corda bamba, se equilibra,

A vida passo a passo no seu sonho,

Prevendo o cair ante o medonho,

E após a queda se reequilibra.

Assume a mesma corda e mostra fibra,

Ao exibir seu rumo, pede e ponho,

Na precisão do despencar tristonho,

Ao atingir a margem grita e vibra.

Por sobre a corda vive equilibrista,

Por sobre o mundo, vida de artista,

Sabendo que esta corda é um preâmbulo.

Ganhando a vida, pêndulo na corda,

Coragem e desafio que aborda.

Ao exercer o ofício de funâmbulo.

Sequindo a inspiração do mestre sfich.

Fernando cunha lima. 12-10-16.

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A MORTE NA CORDA BAMBA

Na corda bamba o passo agora é lento,

Por sobre a corda um mágico tremor,

Preso nas cordoalhas do amor,

Se equilibra ao sabor do vento.

Pari-passo ao novo advento,

Perpasso a queda que permite a dor

E segue e anda sem tirar nem pôr,

Quando a cabeça pende num momento.

Na corda bamba se balança a vida,

Em baixo o vago não lhe dá guarida,

Se o abismo do mundo lhe engole.

A mão ainda segura o cabo tenso,

Que vibra em pleno ar que está suspenso,

Mas minutos depois ela escapole.

PARA AGRADECER E SAUDAR

O MESTRE POETA PORTUGUES, SFICH

.

Fernando cunha lima 10-01-17.

sfich
Enviado por sfich em 29/08/2016
Reeditado em 19/01/2017
Código do texto: T5743797
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