Deslumbre

Deslumbro-me num verso em cada dia,

como se soubesse o deslumbre da loucura;

e quando o próprio verso me procura,

vem em tons matizados de alegria.

Mas logo, em seguida, água fria;

debalde procurado; e, em tortura,

ouvir a negação, com voz segura,

em vez d'afirmação que pretendia.

Depois, como quem escolhe o mal menor,

na cumplicidade musical dos meus ouvidos

sinto harpejos em Mi(m) bemol maior

e o suave som de beijos sustenidos;

Na gema dos dedos sinto ardor,

como se me pisasse nos sentidos.

sfich
Enviado por sfich em 31/08/2016
Reeditado em 10/02/2017
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