ÚLTIMO TRAGO
Dono de quem eu fui, já não passo de escravo...
Beijos de quem eu fui, já sou cuspido escarro...
Rosas de quem eu fui, já sou desfeito cravo...
Rocha lisa que fui... hoje sou pó e barro.
Abraços de quem fui, já sou cruzar de dedos...
Excessos de coragem me são fartos medos...
Retratos de parede unem-se já aos cacos
Do espelho em que reflete meus semblantes fracos...
Não digo mais quem fui! Deste edifício inteiro
Restaram os escombros: o que me tornei!
Pedaços do que sou, entulho abandonado...
Mas resta ainda muito, em posse de um esqueiro...
Vingança! Este cigarro ainda não traguei...
Morro, mas mato em mim alguém carbonizado!