Favela
(O grito da brisa funde-se às estrelas...)
Bela seria a cena em uma noite como esta,
Mas só há grito, só grito... E o que nos resta
É esperança de algum dia podermos vê-las.
Pelos nossos velhos becos anda a rotina,
Quase sempre de mãos dadas com a tristeza,
Enquanto a esperança, tímida, desatina
Nossos sonhos, que só são sonhos, não certeza.
Por aqui não há deus que nos abençoe
Ou pôr do Sol pincelado à aquarela...
Só um pouco de vida: pobre, simples, bela!
Igualdade que'ra pra ser, mas nunca foi
Nos conduz jogar a vida pela janela
Ou sucumbir à morte dentro da favela...