A comitiva
I
Irrompe a aurora em rústica oferenda
e a divina canção sai do berrante
cortando pelo brando e azul distante,
para espertar a todos na vivenda.
Aos pinchos, um a um, em careta horrenda,
peões encilham com ação vibrante,
bravos corcéis para o marchar pujante
na condução do gado da fazenda.
Há nos currais inquietações e empurros...
Excita-se o rebanho em berros e urros,
numa algazarra assídua e coletiva.
Lá na cozinha o aroma prazenteiro
do café e do arroz-de-carreteiro,
“quebra o torto” e prepara a comitiva...
II
Sinuelos vão à frente da boiada,
em direção do pantanal extenso
agitando o capim e a água parada,
ao longe avistando o áureo astro suspenso.
E assim, vivo tapete, branco e imenso,
lastra-se e alveja a matinal jornada
entre os cerrados recendendo a incenso,
onde gorjeia em festa a passarada...
Nunca aos sentidos um singelo ruído
de cascos e mugidos sobre a terra,
foi tão doce ou sublime, ou mais querido.
E um fresco e penetrante odor descerra
do pó lançado pelo chão batido
e percorre todo o ar, do vale à serra...