O ipê
Sob a esfolhada pele dos teus ramos
fomos os mais ditosos dos mortais:
havia em nós, ipê, risos demais,
havia em ti, pesar que lamentamos.
Sobre outonais corolas nos amamos,
e tu que assim nos viste tão sensuais,
do amor às mil volúpias divinais,
invejaste os momentos que gozamos...
Veio a separação que nos surpreende
e assomou-te em regalo a primavera,
que em dourado matiz e aroma, esplende.
E agora, ante os teus pés quanta mudança:
há em ti as flores e o frescor de outra era,
há em nós um pranto, um luto, uma lembrança...