O ipê

Sob a esfolhada pele dos teus ramos

fomos os mais ditosos dos mortais:

havia em nós, ipê, risos demais,

havia em ti, pesar que lamentamos.

Sobre outonais corolas nos amamos,

e tu que assim nos viste tão sensuais,

do amor às mil volúpias divinais,

invejaste os momentos que gozamos...

Veio a separação que nos surpreende

e assomou-te em regalo a primavera,

que em dourado matiz e aroma, esplende.

E agora, ante os teus pés quanta mudança:

há em ti as flores e o frescor de outra era,

há em nós um pranto, um luto, uma lembrança...

Reginaldo Costa de Albuquerque
Enviado por Reginaldo Costa de Albuquerque em 12/10/2005
Reeditado em 04/04/2010
Código do texto: T58912