Ao mestre da Dor (Augusto dos Anjos)

Leio-te! E de ler-te não canso

Teus proparoxítonos esdrúxulos e belos

Como a musicalidade de mil violoncelos

Dão-me grande prazer e não ranço.

Tua tristeza, profundissimamente inglória

Aguça-me o sentimento de admiração

Pois uma vida tão cheia de provação

É digníssima não só dos louros da vitória.

Se o reconhecimento veio-te póstumo e tardio

Crês piamente que é sincero e perene

E respeito ou repulsa, tudo em ti é solene.

Se há os que se enojam com teu Verme doentio

Esquece! Tua grandeza supera a humana simplicidade

E ver-se em tua Poesia é duríssima verdade.

Cícero – 11-05-04

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 03/02/2017
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