Ao mestre da Dor (Augusto dos Anjos)
Leio-te! E de ler-te não canso
Teus proparoxítonos esdrúxulos e belos
Como a musicalidade de mil violoncelos
Dão-me grande prazer e não ranço.
Tua tristeza, profundissimamente inglória
Aguça-me o sentimento de admiração
Pois uma vida tão cheia de provação
É digníssima não só dos louros da vitória.
Se o reconhecimento veio-te póstumo e tardio
Crês piamente que é sincero e perene
E respeito ou repulsa, tudo em ti é solene.
Se há os que se enojam com teu Verme doentio
Esquece! Tua grandeza supera a humana simplicidade
E ver-se em tua Poesia é duríssima verdade.
Cícero – 11-05-04