Dente-de-leão

Um dente-de-leão fausto voava

E cândido passava junto a mim,

Mas veio aquela dúvida desgraçada:

Como é que tu voas livre assim?

Peguei naquela pluma afortunada

Malgrado ela desfez-se em pedacinhos.

A dúvida, quando é tão demasiada

É mão que arranca ave de seu ninho.

E o dente-de-leão despetalado

perdeu a liberdade que já era.

Tornei-me o ser mais triste, desgraçado:

Pois, da bisbilhotice que tivera

Sobrará só remorso e compaixão

daquele pobre dente-de-leão.

José Freire Pontes
Enviado por José Freire Pontes em 16/02/2017
Reeditado em 10/11/2022
Código do texto: T5914271
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