TEMPO DE SORTILÉGIO * Lisboa

Lisboa,

a menina dos nossos olhos!

Do cimo do castelo espraias teu olhar.

No Tejo banhas, noite e dia, os níveos pés.

Da barra, além, suspira, ainda, a voz do mar

nas lágrimas de nós salgando-lhe as marés.

Das índias, dos brasis, os cantos das sereias

embalam teu dormir de espantos e memória.

E o sangue corre ainda estreme em tuas veias,

o mesmo que te quis mais um padrão da História.

Agora, é outro o tempo, é outro o teu objecto,

mais íntimo, talvez, mas de exigente apuro,

de ti, por ti e à luz do sol que te encandeia.

Não queiras nunca mais ficar-te no projecto!

Não queiras adiar mais tempo o teu futuro!

Diz não a quem te quer tornar menina feia!

José-Augusto de Carvalho

Alentejo, 16 de Novembro de 2006.

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 19/02/2017
Código do texto: T5917040
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.