Escrava

Quando o feitor o seu olhar lhe crava;

a negra flor se cora, enrubescida...

Chicote à mão, lhe trata como escrava

e em meio à dor, ela lhe entrega a vida.

Palavras ditas,a cada chicotada;

carícias feitas, p'ra curar ferida...

Afagos e perjúrios... Alma dolorida...

A carne em sangue, assim, é agitada.

Anos a fio, em dor e solidão;

acorrentada e prisioneira, ao chão;

... À mercê do feitor e sua mão...

Enfim, manhã de glória, manhã de despedida:

...Morre a escrava e o feitor nem liga...

É só mais uma , nesta triste vida.

Nair Marques
Enviado por Nair Marques em 02/03/2017
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