A Tempestade
És a tempestade que povoa meus dias,
a brasa ardente em noites muitos frias,
a vida, no último suspiro da morte,
a palavra que é meu martírio e sorte.
És o sangue contaminando minha veia,
doença mortal - contra qual não se guerreia.
És bênção e pecado, sonho-pesadelo,
a carta de condenação com áureo selo.
Deverias ser, amor meu, minha mansidão
- mas meu erro é que nunca soube te amar,
e tua dor é a chaga no meu coração.
Quantas vidas, meu Deus, terás que me conceder
para que o meu amor possa se libertar
e, livre e puro, consiga me transcender?