LUCIDEZ E LOUCURA

O soneto que hoje fiz foi escrito

D’uma forma correta, d’um modo inverso

Sei que morro no final de cada verso

Para enfim renascer no infinito

Infinito no qual ecoa meu grito

Nos confins do meu pequeno universo

Onde falo, calo, desconverso

Mesmo quando sou feliz, estou aflito

Travo diálogo mudo, lucidez, loucura

No mundo claro da minha sala escura

Onde cansado de não correr, me deito

Tateando na cegueira minha mão procura

Achar o teu semblante, a tua figura

Para dormir o sono do amor no teu peito.