SONETO LOUCO

Nasceu este soneto no meu papel

Breve, leve, tenaz, arruaceiro;

Roubou-me a paz jogando-a ao léu

E louco me pôs o dia inteiro!

Pensei ser um verso passageiro

Mas de tudo ele fez escarcéu:

Pintou-se roubando do tinteiro

O azul qu’eu pintaria o meu céu!

Cresceu, mas sequer tomou jeito

E hoje, por conta própria vive aqui

Em um livro que chama de ‘Seu leito’

Vez ou outra buscando (sempre a sorrir)

Digo: “Onde estás, filho, verso imperfeito?”

E sorrindo me responde: “Estou aqui!”