Soneto

A noite como deusa me namora,

as casas como almas me observam,

os amores como lepras me enervam,

a estrada como a morte vai-se embora.

O tempo como um cavalo desliza,

as nuvens como aves vão e vêm,

as árvores inquietas ficam bem,

soçobradas pelo beijo da brisa.

A cidade noturna me soterra...

Eu sou um bêbado bebendo rima,

o último sonhador que há na terra,

um exímio lutador de esgrima

que tenta se acertar e a si mesmo erra

e cai no chão com a espada por cima.

Vagner Rossi
Enviado por Vagner Rossi em 25/03/2017
Código do texto: T5951726
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