A lagoa
Logo após lancinante afastamento,
torno a ver-te ao recesso adormecida,
onde véu de áurea paz te dá guarida,
oh, formosa lagoa de ameno assento!
Como um canto oportuno de acalento,
a aragem balançou ramo sem vida,
sob o qual a razão foi esquecida,
numa noite que em vão ainda lamento...
Partiu por esta mesma estrada nua,
tão fulgurante quanto à imensa lua,
deixando-me à mercê da própria sorte.
Por instantes, vislumbro-a em ti, lagoa,
que entre enciclias surge e me atordoa,
e esquece-me que estou morto sem morte...