A lagoa

Logo após lancinante afastamento,

torno a ver-te ao recesso adormecida,

onde véu de áurea paz te dá guarida,

oh, formosa lagoa de ameno assento!

Como um canto oportuno de acalento,

a aragem balançou ramo sem vida,

sob o qual a razão foi esquecida,

numa noite que em vão ainda lamento...

Partiu por esta mesma estrada nua,

tão fulgurante quanto à imensa lua,

deixando-me à mercê da própria sorte.

Por instantes, vislumbro-a em ti, lagoa,

que entre enciclias surge e me atordoa,

e esquece-me que estou morto sem morte...

Reginaldo Costa de Albuquerque
Enviado por Reginaldo Costa de Albuquerque em 14/10/2005
Reeditado em 04/04/2010
Código do texto: T59659