Soneto Seco

No bucho o sertanejo gesta a fome,

rumina a forma oca inconsistente

de fé seca que teima está presente,

a muito lhe consola, lhe consome.

À face do sofrer não tem mais nome,

vencendo os anos trágicos pressente

o fim, mas vive, cisma, persistente

rachando feito o solo, aos poucos some.

Silente ecoa o canto da caatinga,

Plantados pés ao chão, broto não vinga...

É nada mais que parte do cenário,

qual carcará que espia ressequido,

gado pastando o mato imaginário,

caveira de boi, tronco retorcido.

Renan Ivanildo
Enviado por Renan Ivanildo em 26/04/2017
Reeditado em 18/03/2019
Código do texto: T5981665
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.