Soneto de Partida

Negando os laços frágeis dessa vida

Meu próprio sangue ver correr as mãos.

Não temam por minh’alma meus irmãos,

Mãe, não sofra na ausência, querida.

Mais que todas, viver é dura lida.

É por abrandar-me o jugo que aos vãos

Da morte me enveredo. A paz dos sãos

convosco esteja, almejo de partida.

Perdão se deixo a vós dura tormenta,

À face lhes imputo o duro pranto.

Saibam, livre serei e que me contenta

O amor que deram salva-me, portanto,

Renovem ao pensar que me foi benta

A morte, qual a um frade, louco ou santo.

Renan Ivanildo
Enviado por Renan Ivanildo em 02/05/2017
Reeditado em 18/03/2019
Código do texto: T5987546
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