CORONONALE 1 - ( Com Marcos Valério Mannarino Loures)

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Vamos cantar o amor, a fantasia!

Vamos buscar a flores escondidas!

Um bálsamo trazer para as feridas!

E acabar de vez toda agonia!

Vamos trazer mais mel - mais ambrosia

Para adoçar um pouco àquelas vidas

- Amargas, derrotada, suicidas -,

Trazer felicidade - Alegria

Eu te convido amigo na Jornada

Pra acompanhar-me, então, ness'aventura

Aonde em cada verso, em contradança

Trazendo luz à quem, tanto procura

O brilho salutar de uma esperança.

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O brilho salutar de uma esperança

Penetra n'alma e chega ao coração

E apaga aquela chama de ilusão -

Parece perto; mais ninguém alcansa.

E temos que viver conforme a dança

Que traz-nos o destino, pois se não

Sonhar demais traz grande depressão

Deixando muito amarga a lembrança

Mas aprendemos todos os momentos

A dominar as sensações, os ventos

E todos outros tipos de demônios

Os meus sonhos são rústicos - compônios,

Cujas mãos calejadas sempre havia

Um gesto de fantástica alegria...

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Um gesto de fantástica alegria...

Eu vi naquele seu sorriso brando

Meio inocente, mas de vez em quando

Uma malícia, às vezes, lhe nascia...

Que inesquecível foi aquele dia

Ouvir a voz suave murmurando

Um beijo quero; e, eu, então, lhe dando

Com'um escravo fido lhe servia...

Entretanto, a mulher tão caprichosa

Sorrindo desdenhou aquele beijo

Artimanhas sutis de uma criança

Que mesmo sendo assim, maliciosa

Conhece e tripudia do desejo

Um vento tresloucado que me alcança.

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Um vento tresloucado que me alcança

Quer me empedir de andar esse caminho

Mas eu não ligo; - seja rubro ou linho,

Ninguém matará mais minha esperança

A vida dá-me o doce e o espinho

Também a depressão e a bonança

E busco calma e a perseverança,

Procuro, então, lutar, não me aporrinho,

Abrindo esta couraça no meu peito

Espero amanhecer el plena paz

Nos braços de quem amo, satisfeito

E assim recomeçar um novo dia

Que em plena sintonia se perfaz

Trazendo, todo o bem que eu já queria...

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Trazendo todo o bem que eu já queria...

Meu bem me trouxe amor e aquele beijo

- Profundo, vigoroso e com desejo -,

Daquele olhar o sonho e a poesia...

E na manhã de inverno - triste fria,

Aconcheguei-me ao seio benfazejo

- Foi o melhor conforto e ensejo -,

Estava inverno mesmo aquele dia?

Não percebi, pois tinha em teu calor

Um verão tão intenso, abrasador,

No fogo sem limite que me alcança

Tomando cada dia mais feliz

No requebro sutil dos teus quadris

Na ondas de teu corpo em cada dança...

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Nas ondas de teu corpo em cada dança

Da movimentação - daquele agito,

Que num momento é todo o infinito

Deixando após saudade e esperança

Ah faz-me bem demais minha criança!

O teu molejo deixa-me aflito -

Mas só de alegria - e quando a fito

A fênix renasce com pujança...

E volta extasiante e mais audaz

Na gula que decerto satisfaz

Aquele que em teus braços pressentia

Que tudo além seria mais completo

Mulher, banquete raro e predileto:

Vontades que demonstram sintonia...

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Vontades que demonstram sintonia

Caminhos que se encontram ao final

O único um por cento tão igual

Que nos falamos por telepatia...

Então o medo tolo que nos faz só mal

Lutar contra o destino, afinal,

É vã; uma vaidade luzidia...

Fizemos da amizade mil castelos

Gravando dentre nós forte aliança

Porém o tempo mostra as artimanhas

Promessas de incertezas em nossas sanhas

A noite do teu lado, calma avança.

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A noite do teu lado, calma avança

Misteriosa, leve, sedutora,

E eu silente olhando-te Lenora

Tão linda e envolvente; e tua trança -

Qual serpente voraz que a presa alcança -,

Seduz-me ao teu perfume que evapora,

Mas que maldita foi aquela hora

Desfez-se ao ar flechando-me um lança!

Lenora, uma esperança desvalida

De um tempo que se foi em minha vida,

E sei não voltará pra mim, jamais...

Minha imaginação decerto audaz,

Procura reviver antigo cais

Quem sabe novamente encontro paz...

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Quem sabe novamente encontro paz

Você que é tão amargo e s'acha certo

Que só vantagem quer e diz-s'esperto

Falando que ninguém o passa atrás...

Do que adianta à noite em seus umbrais

Seu coração naquele grande aperto

O bem e o mal, então, num só concerto

Qual sinfonia o ouvido ouve mais?...

Amigo eu não me esqueço de dizer

Que o tempo corroendo sem descanso

Deforma, destruindo todo ser

E em rugas que demonstra se pressente

Sonho que com ela - penso - alcança,

Vivendo a juventude novamente

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Vivendo a juventude novamente

Vergonha não tivemos de ninguém

Que deixe-nos xingarem - é desdém

Quem diz que já é tarde, como mente,

Estar na mocidade vem da mente

E ter moderação, claro, também

E foi passando as horas e nós nem

Ligávamos pra aquele sol tão quente...

Teu corpo passeando em minha cama

Desnudo e tão macio, já me chama

Pro jogo que me doma e satisfaz,

Refaço em teu desejo, a mocidade,

Que enfim me revigora e com vantade

Recebo o teu carinho mais audaz.

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Recebo o teu carinho mais audaz

E teus beijos mais sôfregos - com sede,

E nós ali deitados sobre a rede

Naquele vai e vem doce demais...

Um beijo... um momento... e, ... quero mais!

Então foi sobre a mesa, e na parede,

Pergunto: "Do que gostas?" e tu "Lê-de

Vê-de bem com teus olhos este cais

Aonde mau saveiro se aportou

E todo o meu passado vislumbrou

Em luzes tão distantes... Na verdade,

No fogo de eu corpo, me incendeio

E sinto teu calor em belo seio,

Revigorando um sonho: a mocidade

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Revigorando um sonho a Mocidade

É a bela mais flor que brota então,

Desabrochando logo, em profusão -

Mas junto vem também a veleidade...

O brilho até ofusca a visão -

Com ele vem aquela tal vaidade

E quando chega o inverno da idade

Traz-se um espelho pra reflexão...

E vemos neste epelho, um outro ser,

Distinto do que fomos no passado

As rugas aflorando de repente

Mas quando nós pensamos no prazer

Amor vem de mansinho pro meu leito

Tomando o coração, sentido e mente.

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Tomando o coração, sentido e mente

A paz que tanto quiz, chegou na hora

Felicidade não vai mais embora

Pois dá-me atenção - mais pura ardente

Eu sei que terei dores mais à frente

Mas o que importa, no momento, agora

É proveitar o êxtase senhora

Um êxtase sublime diferente

Porém Lenora morre em agonia

E ri-se de meus sonhos. Ironia...

Pois, sabe, não terei mais mocidade...

E um corvo que agourento, a noite traz

Crocita ao adentrar estes umbrais

Não a terei jamais... eis a verdade...

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Vamos cantar o amor a fantasia!

O brilho salutar de uma esperança

Um gesto de fantástica alegria,

Um vento tresloucado que me alcança...

Trazendo todo bem que eu já queria

Nas ondas de teu corpo em cada dança,

Vontades que demonstram sintonia

A noite do teu lado calma, avança....

Quem sabe novamente encontre a paz

Vivendo a juventude novamente

Recebo o teu carinho mais audaz

Revigorando um sonho: a mocidade

Tomando o coração, sentido e mente...

Não a terei jamais... Eis a verdade...

ESTE CORONONALE DE SONETOS FOI FEITO EM PARCERIA COM O GRANDE SONETISTA GONÇALVES REIS DE QUEM, COM MUITO ORGULHO SOU UM ADMIRADOR E PARCEIRO.

OBRIGADO AMIGO

MVML

Eu que agradeço, tamanha honra.

07-09/08/07.

Gonçalves Reis
Enviado por Gonçalves Reis em 10/08/2007
Reeditado em 17/08/2007
Código do texto: T601600
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