Soneto da infelicidade

As bodas da paixão há quem celebre

mas, logo as ilusões perdem magia

e mesmo as sensações do corpo em febre

esfriam – dão lugar ao dia-a-dia...

O sonho de palácio ainda é casebre

e ex-cúmplices da dor e da alegria

já despem sem pudor peles de lebre;

os lobos se devoram – autofagia...

A foto na parede é só lembrança.

A vida avança lenta e inalterada

à espera de que cresçam as crianças...

Já velhos – com a trégua declarada –

ostentam desgastadas alianças

e a vida – sem amor – desperdiçada!

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 16/10/2005
Código do texto: T60284