Soneto da infelicidade
As bodas da paixão há quem celebre
mas, logo as ilusões perdem magia
e mesmo as sensações do corpo em febre
esfriam – dão lugar ao dia-a-dia...
O sonho de palácio ainda é casebre
e ex-cúmplices da dor e da alegria
já despem sem pudor peles de lebre;
os lobos se devoram – autofagia...
A foto na parede é só lembrança.
A vida avança lenta e inalterada
à espera de que cresçam as crianças...
Já velhos – com a trégua declarada –
ostentam desgastadas alianças
e a vida – sem amor – desperdiçada!