Bulimia
Um texto seco esconde a criatura,
Que parece tão átona e indisposta,
Num vão conflito estético, sem lisura,
Se padece por lágrimas sem cura.
Vomita o seu silêncio na beleza,
Onde enxerga Narcíso mais que obeso.
Rabisca o verbo sobre pano e mesa,
Pois a mente possui seu maior peso.
Mas entre fome e morte seca enfim,
Tão faminta e sutil presença existe,
Além do vulto em cárcere por fim,
Que entre sonhos reside tão mais triste:
Pois quem não aquilo que há em mim,
Só verá tão somente o que em si viste.