CARCARÁ

O carcará espera seu momento,

Vai se fartar de carne magra e osso,

Grosso sangue coalhado de pescoço,

Das ilusões desfeitas, sofrimento.

Tem da seca abundância - alimento,

Lento se move, sem muito alvoroço,

Espreita a fome ao cáustico endosso,

Da aridez do divino esquecimento.

Aguarda na mecânica escassez,

As vidas em vagante lentidão,

O sol arquear corpos sobre chão

Vencidos na dinâmica aridez.

Em restos mortais, víceras então

Sua fome afinal satisfez

Renan Ivanildo
Enviado por Renan Ivanildo em 15/08/2017
Reeditado em 01/05/2022
Código do texto: T6084460
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