Porre de paixão

I

Eu não fujo à peleja e nem me assusto.

Persigo a todo custo o meu sucesso.

Porém nunca me apresso, nem me adusto,

Pois procuro ser justo: a Deus eu peço.

II

Quando a lutar começo, ergo meus olhos

Aos céus, salto os escolhos, vou além.

Sou pobre sem vintém, mas tenho aos molhos,

Lá depois dos abrolhos, o meu bem.

III

Se a mulher me demora a aparecer,

Eu começo a fazer versos de amor

Doces como licor, mas perigosos.

IV

Se não vinga a paixão e o porre pega,

A ressaca terrível é curada

numa sarjeta, em beijos bem gostosos!